terça-feira, 10 de novembro de 2009

SALVE MARACA, SALVEM O MANGUEZAL DE MARACA E AS PESSOAS TAMBÉM!!!


A febre dos movimentos ditos ecológicos nos remetem sempre a discussão de problemas distantes, para os quais não podemos fazer nada mais do que dar palpites e encontrar culpados.
No entanto, quando o problema é no quintal de nossa casa, fechamos os olhos, achamos que é coisa pequena e deixamos prá lá.
Esta parece ter sido a solução encontrada pelo Poder Público no Município do Ipojuca, em relação a destruição do manguezal em Maracaipe.
Da mesma forma, movimentos ambientais e moradores fecham os olhos e fingem que o problema não é com eles.
Os ocupantes da área, por sua vez, escudados na falta de moradias, fingem ignorar que aquela é uma área imprópria para habitação humana.
Este conjunto de atores, cada um deles fugindo da realidade, adiam o embate para o próximo inverno e a época da maré alta. Naquele período, os moradores da área imprópria, organizarão caravanas até a Prefeitura em busca de socorro, esta por sua vez dirá que vai solicitar recursos ao Governo Federal para construir moradias...a maré irá baixar, o sol chegará e paz será restabelecida momentaneamente.
Enquanto isto, o eco-sistema atingido será destruído gradativamente pelos aterros, mais moradias serão contruídas sem sistema de esgoto sanitário e sem água tratada aumentando assim a necessidade de atendimento de crianças e adultos nos postos de saúde.
Peixes, como a tainha e outros que se reproduzem em áreas de manguezal ficarão escassos e os grandes predadadores terão que, uma vez ou outra, morder a perna de um surfista mais arrojado para saber se é peixe ao mesmo tempo que as pessoas que vivem da pesca artesanal terão que procurar outra praia.
Tudo isto até que um dia, assim como aconteceu na Reserva Indígena da Raposa Serra do Sol, no Acre, um mandado judicial mande simplesmente expulsar as famílias da área ocupada, aumentando mais ainda os graves problemas deste município.
Ipojuca hoje é um dos raros municípios brasileiros cuja economia cresce mais rápido que a média de crescimento do Brasil, o que falta é gerenciamento e participação popular.

Um comentário:

  1. Concordo plenamente Fernando, além de que o crescimento do Município do Ipojuca é uma coisa extraordinária, a cidade acostumada com sua vida pacata, de repente chega esse "buum" de investimentos, mais emprego e renda para a população, é verdade.Mas esse crescimento vem acompanhado de uma série de fatores, e um deles que não é nada bom, é o crescimento desordenado e o inchaço das cidades com falta de infra-estrutura para garantir as necessidades básicas do cidadão, reconhecidas na Constituição, como o saneamento básico, abastecimento de água, assistência médica, transporte e educação. A outra grave conseqüência deste crescimento irregular urbano é o alto índice de violência e criminalidade. A falta da presença do Estado em certas regiões da periferia das metrópoles e áreas de risco, como encostas de morros e beiras de córregos e rios, transforma estes locais em uma verdadeira TERRA-DE-NINGUÉM, em guetos urbanos onde a lei é ditada através da violência de grupos de criminosos e milícias, comprometendo a paz e o sossego de tantos outros moradores. Tudo isso é o reflexo dos vários problemas sociais enfrentados pelo Brasil, onde existe grande concentração de renda e onde há uma corrente migratória de pessoas que vem de outras cidades em busca de emprego e melhor qualidade de vida. E uma forma de garantir um alojamento, não digo nem moradia, pois viver em um mangue não é ter uma moradia, isso fere a dignidade da pessoa humana, conforme princípio constitucional e o art. 11 do Pacto de São José da Costa Rica do qual o Brasil é signatário,é a invasão de terrenos ociosos ou áreas de preservação ambiental.
    Portanto, senhores, o problema existe, e se não for tomadas providências imediatas ele se tornará mais grave, vindo a formar um Câncer social, que irá trazer prejuízos irreparáveis a sociedade do Ipojuca e ao meio ambiente.Não interessa de quem é a culpa se é de "A" ou de "B", o que interessa é que essas pessoas estão morando em locais inadequados e é preciso ser feito alguma coisa, além de inibir novas invasões, pois é muito melhor utilizar da técnica da prevenção do que o contencioso.

    Taciano Florentino.

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